O Papa Bento XVI, em suas
palavras, nos mostra coragem, inovação e fé. Mostra também humildade e
caridade.
Se pararmos a correria em que
vivemos e refletirmos acerca do assunto que a mídia coloca no momento,
perceberemos um marco. Essa decisão do Pontífice não fora tomada de um minuto
para outro. Passou por muita meditação e ponderação sobre o efeito que essa
atitude de renúncia causaria no mundo .
Trazendo para o nosso dia a dia,
quantas decisões precisamos tomar e ficamos remoendo, no bom sentindo, o
assunto até que finalmente, consigamos direcionar nosso caminho e enveredarmos
nosso barquinho pelo trecho que nos é viável?
Ouvindo um comentário de um
cidadão não muito leigo, pasmei-me. Este disse: “ Isso que está acontecendo não
se trata de nada a ver com a igreja. Trata-se de uma aliança política”. Preferi
me abster da discussão e realmente seguir o ensinamento do Papa:
‘Pedi a Deus que me iluminasse com
a sua luz para poder tomar a decisão mais justa’.–
Papa Bento XVI
Quantas vezes não seguimos estas
palavras e acabamos falando sem pensar e, como conseqüência, tomamos a decisão
mais fácil? Mais fácil para nós, mais plausível para nós, para a nossa verdade,
esquecendo que todo caminho tem ida e volta e cada verdade tem duas vertentes:
a de quem a fala e a de quem escuta.
É, precisamos aprender muito com
estas palavras...E o Santo Padre diz:
‘Nestes oito anos sempre senti que
a barca da igreja não é minha, não é nossa, mas, do Senhor’.– Papa Bento XVI
Em uma posição à frente de
milhares de pessoas, um cidadão comum se sentiria importante, orgulhoso por ter
conseguido tal colocação, tal qual um trabalhador que consegue assumir um alto
cargo dentro de uma empresa.
Neste momento, o tal premiado esquecesse que ele está ali
para servir.
Admitir que estamos a serviço do
outro necessita-se de humildade e coragem. Não significa abaixar a cabeça. Não
significa que o outro é superior a nós. Não podemos confundir humildade com
humilhação.
Portanto, precisamos aprender a
ter a humildade de entender que servir o outro é servir a nós mesmos, porque o
outro é nosso semelhante e devemos amá-lo como amamos a nós mesmos, com
todas as dificuldades que essa decisão
nos traz, pois, nem todos os dias conseguimos ter um grão de areia de sabedoria
e um grão de mostarda de discernimento.
E ele diz:
'Amar a Igreja é também ter valentia de tomar decisões difíceis'.– Papa
Bento XVI
Tomo a liberdade
de substituir a “Igreja” por “Senhor”. Amar ao Senhor é também ter a valentia
de tomar decisões difíceis. Quando aprendemos lá nos dez mandamentos que
devemos ‘Amar a Deus sobre todas as coisas’, alguns de nós entendem isso como
abdicar da sua própria vida. Outros compreendem que é um absurdo amar a algo ou
alguém que não existe, e por aí seguem as colocações.
Pergunto então:
como se respira o ar se não o tocamos nem o vemos? Amamos o ar porque ele entra
em nossos pulmões e nos serve de combustível. Assim é o Senhor. Não o tocamos e
não o vemos, mas acreditamos nele. Daí vem a fé e a crença.
A fé não é algo
palpável. A vontade muito menos.
Quando escolhemos
amar algo temos que ter a valentia de
tomar decisões que nos levem até o alvo amado. E para tanto, precisamos de
coragem e muitas vezes temos que sair do nosso conformismo e inovarmos uma
postura ou um comportamento, mesmo que para isso tenhamos que quebrar barreiras
e preceitos.
Concluindo, o
Pontífice Bento XVI é um homem de coragem, inovação e fé, além de
ser humilde e caridoso, assumindo que a igreja precisa de um novo condutor da
barca do Senhor e que não se encontra mais em condições para manter o seu
“cargo”. Lembremo-nos que, antes de ser um Pontífice ele é um homem como todos
nós, de carne e osso e por isso, é
passível de limites.
Assumamos, com este exemplo, que
nós também temos as nossas limitações, nossos medos e nossa parcela de acertos
e erros não somente em nossas vidas mas também na vida de nosso próximo.
Paremos de apontar dedos para o
outro e observemos o contexto em que os fatos acontecem e assim, tenhamos a
clareza de compreender a verdade do outro mesmo que esta não seja a nossa
verdade.
E por fim, amemo-nos com o amor do
Senhor.
Bia Fernandes