Afinal,
[...somos capazes de analisar, compreender e discutir as influências da sociedade atual em nossas vidas e a maneira de como construir uma nova forma de agir com nosso próprio eu, com os outros e com o mundo em que vivermos...] (Ceuclar, guia de disciplina de antologia teológica,Batatais,2010).
Será?
Estamos preparados para a divina e difícil experiência de conhecer o nosso Eu interior?
Estaremos , nós, conectados, após esta analise, ao mundo e aos nossos preceitos, desejos e decisões?
São pequenas questões como estas que a Antropologia Teológica nos auxilia e nos permite galgar o caminho do conhecimento e do autoconhecimento, para que, possamos ir de encontro às nossas reais realizações.
Eis que surgem então novas e profundas indagações como:
[... 1ª) O que eu posso saber? 2ª) O que devo fazer?3ª) O que posso esperar? 4ª) O que é o homem?...] (Kant, I, Lógica.25A)
O homem, na antropologia teológica é a representação do todo, ou seja, um ser indivisível e pleno, com capacidade de aprender e compreender sobre si próprio e sobre o mundo que o cerca.
Através da história, grandes pensadores como Aristóteles, Platão, Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino criaram suas teses sobre o “ser homem”.
A pauta estendeu-se aos campos da metafísica, da moral e da religião, em busca de uma ou várias respostas plausíveis e coerentes.
Podemos então perceber a complexidade do homem a fim de transcender em uma utópica viagem ao seu interior e, se possível, resgatar tantas lacunas de pensamento quantas forem suas dúvidas.
A conclusão mais próxima fora que o homem é o Eu, o Mundo, Deus e o Outro.
Sendo denominado todo, o homem compreende três dimensões para existir que são: a física ou também chamada de biológica, a psicológica ou somática e a transcendente ou espiritual.
Os pontos de vista acerca deste são quatro, e, referem-se oi ponto de vista da Natureza, onde o homem fora concebido através do cosmos. O ponto de vista de Deus, onde fora concebido como sua imagem e semelhança. O ponto de vista do Eu, onde fora concebido na autoconsciência e ainda, o ponto de vista do Outro, onde fora concebido como um ser dialógico.
Sua dimensão física ou biológica está voltada à matéria. É, por intermédio do corpo que o homem se representa e interage com os outros seres vivos e com todo o mundo em que vive.
Seu estereótipo é correspondente ao círculo da sociedade em que convive, sendo, muitas vezes, vítima do mesmo e esquecendo-se de suas próprias características para se transformar em apenas uma “casca imposta por essa sociedade”.
A dimensão psicológica ou somática, diz respeito à alma. É a alma que dá a vida ao indivíduo.
A alma é a sua substância, a sua essência, o que faz sentir que é um ser único e não duplicável.
Cada um entra só entra em contato com a sua essência através de si próprio, por sua autoconsciência. Ele subsiste em seu espírito.
A dimensão transcendente está intimamente ligada à psicológica, onde, liga o espírito do homem ao infinito.
Graças à sua subsistência na ordem do espírito, o homem é, ao mesmo tempo, um ser fechado em si mesmo, enquanto subsistente, e extremamente aberto e excêntrico enquanto é espírito. Enquanto espírito goza de uma abertura sem limites, infinita.(MODIN,B. Definição filosófica da pessoa humana. EDUSC, Bauru, 1995 p.26)
Quando em comunhão com a transcendência, o homem torna-se pleno, porém, quando ocorre de viver de forma antagônica a isso, mostra-se escravizado pelo mundo.
A afirmativa neste título nos mostra que o homem é um ser complexo. Podemos dizer isso, pois está relacionado com seu interior e seu exterior.
Como dito anteriormente, o seu próprio Eu está conectado com seu próximo, com o mundo e com Deus.
Partindo do princípio ontológico que Deus nos criou a sua imagem e semelhança, podemos referi-lhe
como um ser único ou trino, como Santo Agostinho nos mostra na Santíssima Trindade Divina: “O
homem é espelho do Pai na memória, do Filho na inteligência, e do Espírito no amor”. (MODIN, B.
Definição filosófica da pessoa humana. EDUSC, Bauru, 1995 p.37).
Cada cultura, cada contexto, nos coloca uma nova ou antiga visão e versão sobre o indivíduo humano, chamado como pessoa.
É o único ser vivo capaz de raciocinar, refletir, agir e interagir de acordo com os princípios da ética e da moral.
Tentam delimitar onde é matéria, onde é espírito; onde é inteligência e até qual ponto é sabedoria; onde é um ser finito e onde é infinito.
O fato primordial é que, ninguém e nada podem traduzir o que é o homem a não ser ele mesmo.
Vai além ou aquém de nossa compreensão. É um ser vivo, único e inenarrável; concreto e abstrato; íntegro e falho.
Ousadamente, ainda cito: “ O homem é a glória de Deus no universo, e o é, tanto objetivamente,
como a mais bela de todas as criaturas, como subjetivamente,enquanto cabe a ele dar glória ao
Senhor”. (MODIN, B. Definição filosófica da pessoa humana. EDUSC, Bauru, 1995 p.48).
BIBLIOGRAFIA:
BOCK, A. M.B.;FURTADO, Odair; TEIXEIRA,Maria de L. T. P. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo. Saraiva, 2005.
DELL PRETTE, A.; DELL PRETTE, Z. A.P. Psicologia das relações interpessoais: vivências para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 2007.
KANT, I. Lógica. In: MODIN, B. Definição filosófica da pessoa humana. EDUSC, Bauru, 1995 )
MODIN, B. Definição filosófica da pessoa humana. EDUSC, Bauru, 1995
PIVA, Sergio Ibanor. A pessoa: uma análise. Batatais: União das Faculdades Claretianas, 1995.
Bia Fernandes